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domingo, fevereiro 14, 2021

Amanhece

 


Amanhece

 

Eu sei de mim,
que me furto nos copos
em bares menores da noite.

 

Eu sei de meus gritos
íntimos
quando sinto o silêncio dum olhar
qual mortalha de tudo
o que seria nosso.

 

São gritos perdidos
num peito enorme,
de coisas estranhas que se expandem
na solidão das noites.

 

De nada vale o trinar do pardal
na manhã:
a noite foi longa
e só. 


* * *

Luiz de Aquino, poeta.


9 comentários:

Zanilda Freitas disse...

Bonito demais. Fechou com chave de ouro a última estrofe.

Miguel Jorge disse...

São gritos íntimos da alma de um poeta martirizado pelo ardor da paixão.

Rosy Cardoso disse...

Poeta muito lindo!
Estou gritando assim.

Mara Narciso disse...

Tocou-me. Toco-te, comentando.

Adriano Curado disse...

Um boêmio perdido nas madrugadas dos versos embriagadores. Adorei principalmente o "bares menores da noite".

mirian da silva cavalcanti disse...

Luiz, a sensação que tenho é de que você vem encontrando seu dizer mais próprio. Envelhecer nos traz isso de sínteses luminosamente enxutas, no osso.
Em tempo: AMO a palavra "velho". Adolescente, li "O Velho e o Mar", fascinada pelo título, em primeiro lugar. Mas não sei se "O Idoso e o Mar" me atrairia, qualquer que fosse a fase da vida. Beijo, e parabéns!

Sônia Elizabeth disse...

A bohemia e companheira da poesia. Sempre foi. Belos versos.

Fatima Rosa Naves disse...


Nossa, amanheci❣️

Valéria Gomes disse...

Nem precisamos de bares para estarmos com copos vazios de esperança... Gritar para quê? Ouvidos moucos e uma solidão sem esperança. Belicismo.