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sábado, fevereiro 13, 2021

Último poema para M. A.

 

Último poema para M. A.

 

Não me amarga a boca,
eu tive o teu beijo.
Difícil é conter o amargo nos olhos,
a dor na lua cheia.

 

Tive o teu beijo. Andei muitas léguas
no ziguezague dos bares
— Há vida nos bares da vida,
vida pouca em tantos bares!

                        Não me dói, nada me dói.
                        Nada bebo. Dos garçons
                        desperto a ira:

                        — Nada?
                        — Cicuta! On the rocks!


* * * 


Luiz de Aquino, poeta.



 

6 comentários:

Gugu disse...

Uma ode aos amores boêmios que nascem e desaparecem nas doses de dor e de amor. Sensações que escapam das almas poéticas.

Léo Araújo disse...

O amargo nos olhos, nos bares da vida, a ira dos garçons, eita vida boa. 👏👏

Carmem Gomes disse...

Os amores boêmios, que vêm e
Se vāo como vieram :do NADA.

Mara Narciso disse...

Para a insuportável dor de amor, ainda que o discurso diga que a aguentará dignamente, o tormento só cessará com a morte: uma cicuta por favor! Apenas morrendo, a dor cessará.

mirian da silva cavalcanti disse...

Poeta é quem surpreende a gente, assim de repente em uma paisagem imóvel. Perfeito, Luiz; perfeito. Estou eu, aqui, impactada.

mirian da silva cavalcanti disse...

Poeta é quem surpreende a gente, assim de repente em uma paisagem imóvel. Perfeito, Luiz; perfeito. Estou eu, aqui, impactada.