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quarta-feira, fevereiro 03, 2021

O amor, bolas!

 O amor, bolas!

 

Amores são assim:
comuns, mágicos, diferentes,
depende de como chegam
ou se anunciam.

Amores novos, os de primeira vista.
Amor de tédio, os de conveniência 
de política ou patrimônio.

Rejeito amor de arranjo:
gosto mesmo é da surpresa do olhar,
do susto que me dá
um toque imprevisível
e não recuso o amor
da mulher comprometida.

Gosto do risco de vida
e do prazer da amada
que não se sente amada
na transa banal do quotidiano
em alcova trivial.

Gosto mesmo é do amor de surpresa.
Esse amor que chega sem aviso e, 
súbito, esvai-se e vai-se
sem dizer adeus.

Gosto mesmo é do amor
que não me espera chegar,
não pede o da feira
e não reclama das crianças
que nunca vieram.

Amor só presta
quando se acaba depressa.

 

* * *


Poeta Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.

6 comentários:

Zanilda Freitas disse...

Se demorar perde a graça, acaba o enlevo e amor desmancha no espaço.

Sônia Elizabeth disse...

Amor de poeta e assim mesmo, Luiz.

Maria Helena Chein disse...


O amor só presta
quando se acaba depressa.
Você é terrível! Loucamente lírico e cruel!

Rosália Perissé disse...

Que cabeça fantástica, i
Impressionante a sua imaginação.
Descreveu os tipos de amor com detalhes...
A melhor, a quarta estrofe.

Lídia Afonso disse...

Gostei muito desse poema , da sua criatividade, mas amor de verdade tem que durar.

Rosy Cardoso disse...

Esse amor faz cócegas poeta.