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sábado, fevereiro 06, 2021

Falar do tempo

 Falar do tempo

  

Falar do tempo,
das flores e dos ventos.
Das cores da chita, das rugas
em tecidos anarrugas,
dos pelos nas peles
de mamíferos exóticos.


Ilustr.: Roos


Falaram-me coisas
também que não cabem
nos poucos conceitos
que me foram ditos, como
a textura do pomo
do pecado que mora ao lado,
a inconveniente semente
da coisa incoesa
do amor, essa incerteza.

 

Futebol, desemprego, ruas
e becos, política e preços
nas estantes, folhas
de livros e arbustos,
a vida dos outros, a vida
que não nos é dada
e por isso é mistério...

 

Conversa de bar.
Falas vazias para evitar falar 
de amor e carência.

* * * 

Poeta Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.

4 comentários:

Gugu disse...

Tempo,Tempo.. .quem é o seu senhor? Quisera poder doma-lo par a faze-lo ir e vir conforme minhas saudades.

Rosy Cardoso disse...

Poema super atual poeta.
Muito maravilhoso .

Sônia Elizabeth disse...

Mesa de bar: excelente terapia.

Mara Narciso disse...

Amizade de boteco é superficial, mas é terapêutica.Lá mata-se o tempo, e depois ele nos mata.