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quarta-feira, maio 12, 2021

Requiescat in pace

 


Requiescat in pace

 

Faço fotos, faço versos,
faço falas infundadas ...

Sou bufão, bruto, insensato,
faço rir e faço (fácil)
falsas valsas, falas farsas,
serenatas de encantar
sereia incauta.

Passam dias, meses, horas
– tempo de sempre
e igual,
que entendo por banal
medir o tempo, dar-lhe nomes;
mas o tempo, esse, este,
o que se mede em mim
desde o nascer,
o tempo virá ao fim.

E o dia de choro, de dor
de esparsas lembranças e amargo desdém,
trará gente do passado,
pássaros de arribação,
cantantes aves canárias,
laboriosos joões-de-barro,
tristes sóbrios urubus.

Mas virão chorosas mulheres
para o último olhar de saudade.

                  Virão todas as que me viram nu.

 

*   *   *

Poeta Luiz de Aquino

7 comentários:

Zanilda Freitas disse...

Magistral a construção desse poema. Parabéns grande Poeta!

Leda(ê) Selma disse...

Eita, que poema forte! Bonito e um sutil erotismo! E as mulheres continuam presentes.

Gugu disse...

E no fim de tudo sobra o lamento das amantes arrebatadas pelo fragor dos versos boêmios com que se faz uma vida.

Miguel Jorge disse...

Muito rico em palavras, ritmo, imagens, o seu poema, caro Luiz, isso é para quem sabe e tem a vivencia com a nossa bela Língua Portuguesa, abraços! Miguel Jorge

Samuel disse...

Entre o tempo implacável e a brevidade da vida, melhor viver enquanto se pode, até que as mulheres de ver pelados chorem.

Sônia Elizabeth disse...

Sempre poeta...

Bete França Jufer disse...

Poema forte, vocabulário rico e ritmo fantástico. Gostei muito.