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terça-feira, maio 25, 2021

Sputnik

 


Sputnik

 

Era outubro e eu, doze anos.
Uma rádio em Londres
ouvira sons de bip bip bip bip bip
e uma palavra seria
em dias
incorporada a todas as línguas
– Sputnik.

Ao meu lado, meninos e meninas
de impúberes: cada um
numa carteira de escola:
dois corpos não estavam jamais
no mesmo espaço.
Tinha saudades de casa,
a casa paterna lá longe, em Goiás.

Goiás, meu espaço, tão grande e inteiro
                                                      [em 1957!
E Caldas Novas, pequena e esquecida
num sul minúsculo.

Longínquo Goiás ainda individido.

Caldas Novas que não sabia – talvez! –
do Sputnik e era ainda
a vida inteira da minha infância:
seis ruas de cascalho e regos


(por quê, em poesia, exigem-me regato,
se eram regos os miúdos córregos da minha
                                                          [terra?).

O Sputnik bipava no espaço infinito e eu
disputava com Marlene
– menina sardenta, paixão estreante –
a mesma carteira na escola
de subúrbio no Rio, Capital!


 *   *   *
Poeta Luiz de Aquino


No tempo do Sputinik

4 comentários:

Leo Araújo disse...

Boa tarde grande poeta, esse poema e mais um que me lembra da saudosa infância, muito bom.

Lídia Afonso disse...

Belo poema que nos permite retornar a infância.
O tempo passou e o SPUTNIK permanecerá para sempre em nossas lembranças.

Regina Jardim: disse...

Que menino mais lindo, gente!
Garoto sputinik 1957
����❤️

Zanilda Freitas disse...

Que foto linda desse menino poeta! Amei esse Sputinik, que também fez parte da minha pré adolescência, nos tempos do colégio Maria Auxiliadora em Silvania.Desde 1957 o poeta já era danadinho.