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sábado, outubro 03, 2020

A ÚLTIMA MESA

 

                                                            Ilustração:  Pádua (1983)


A última mesa

 

Antes que o último bêbado apareça,
reservem para mim a última mesa
à esquerda. No fundo,
onde a polícia observa primeiro.

 

(A última mesa no fundo
à esquerda
tem uma coisa qualquer quase mística
e me atrai como o cheiro
do corpo da Amada
no aconchego dos lençóis,
na média luz da intimidade).

 

Guardem pra mim a última mesa
no fundo à esquerda
mesmo que eu não apareça por uns dias
(nestes tempos, nem tanto; mas
nunca se sabe o que os homens querem com a gente).

 

E se eu não aparecer nunca mais,
reservem  pra mim
 a última mesa do fundo, à esquerda.
E aí é preciso uma placa de prata, meu nome
e uma rosa
ao lado dum copo de cachaça branca
na última mesa à esquerda,
no fundo,
onde a polícia observa primeiro.


* * * * * * 


Luiz de Aquino, poeta, da Academia Goiana de Letras.


9 comentários:

Andréa Fonseca disse...

Tinha que ser à esquerda!
Parabéns, Poeta!

moraes disse...

Parabéns Poeta, Vc significa nossa terra!!!!

moraes disse...

Parabéns Poeta, Vc significa nossa terra!!!!

Itaney Campos disse...

Bom dia! Sua poesia surpreende! E bem! Inusitado esse A última mesa! 👏👏

Nasr Chaul disse...

Tomei a cachaça, já que você não foi kkk
Beleza!

Nilson Jaime disse...

Devo lhe avisar, primo, que a última mesa no fundo, à esquerda,
está manjada: é onde os cachorros e alcaguetes observam primeiro. 🤫🤫🤫🤫

Miguel Jorge disse...

Muito bom mesmo, é diferente de tudo o seu poema que remete a recordações e às pequenas coisas que na verdade são enormes, abraço!

Zanilda Freitas disse...

Na última mesa, no fundo@, à esquerda, com a placa de prata e seu nome, vou de mansinho recolher a rosa. Surpreendente esse magnífico poema.

Leda Selma disse...

Belo poema, tocante, instigante, denso!👏🏻