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quinta-feira, outubro 01, 2020

...E me basto!

 

Eu, por Almir (1993).


...E me basto!

 


Não preciso sussurrar num confessionário,

escrever nos jornais nem publicar poemas.

O Criador dos bichos sabe quem sou.

Não dou entrevistas nem me visto de sedas:

minha nudez é leve

e as palavras já foram ditas.


 

Das mãos que passeiam em minha pele,

dos dedos que serpenteiam nos meus cabelos,

não preciso.

Tenho tristeza e pureza, minhas essências.

Não preciso de palavras: penso.


 

Aprendi que nem preciso pensar. Sei sentir

(sentir dói, sangra, incomoda, suja,

mancha lençóis. Saudade que se remove

com água e sabão, cala na alma e mente).

 


Não preciso dos teus olhos azuis,

lembrando o céu de abril e o mar

na costa sul

(azul de fazer festa nos meus castanhos).

 


Só preciso morrer devagar, deixar as luzes,

os sons, as dores tolerantes.

Virão comigo o gosto e odores

pra se criar outro jeito de amar.

 

* * * * * *


Luiz de Aquino, poeta e prosador, da AGL.

 

11 comentários:

Raquel Jaime disse...

Primo, vejo no teu poema uma homem decidido que não precisa de palavras pra saber quem de fato és!
Totalmente leve, simples assim!
Abraços 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

NILSON JAIME disse...

Azul de fazer festa nos meus castanhos.
👏👏👏👏

Miguel Jorge disse...

Que beleza de poema, Luiz, vindo do fundo da alma e arrastando consigo todos os sentimentos.

Gugu disse...

Mais uma vez o poeta deixa a alma vadiar por seus sentimentos,desnudando-se como Rosa desabrigada.

Regina Franco disse...

Carregado de muito sentimento.Incisivo! Bravo!👏👏👏

Unknown disse...

Como disse o Miguel Jorge, poema "vindo do fundo da alma e carregando consigo todos os sentimentos". A sociedade impõe aos indivíduos uma busca incessante, algo em que nem sempre parece ter sentido. O isolamento contra o vírus que, neste 2020, trouxe a pandemia, dá a cada um a oportunidade para revisão dos motivos da pressa e da insatisfação crônicas.

Unknown disse...

Todo o seu jeito de ser, não é ,mano?Lindo poema!Bjs!

Léo disse...

O mistério e descobrir quem balançou tanto... e de olhos azuis? isso é para poeta.

Maria Helena Chein disse...

E Me Basto...
Que poema mais belo, tão profundo, mas tão leve, aquela leveza de poeta que se desnuda, porque sabe que não agride, não corrompe. O poeta veste-se de si mesmo, porque se conhece e sabe do que precisa. Belíssimo! Parabéns por essa valiosa joia!

Mara Narciso disse...

Nudez atemporal. Quem lê, vai ajustando cada palavra ao cenário. Recria o que o autor sofreu. Ponto para Luiz!

adeliafreitas disse...

Maravilha de poema! Senti-me abraçada por inteiro e por mim mesma. Brilhou, poeta.