Páginas

segunda-feira, outubro 19, 2020

VERTIGENS




 

Vertigens

 

Veio morna e tensa como um beijo:
quente, úmida, capaz!
Pelos eriçados. Pele. Um calor
maior nas axilas, seios e virilhas.
Acendeu-me o sangue e a pele.

 

Queira, amada, que eu diga
em som de voz
o que me sugere a alma, o coração
e os sentidos.
Sonhei um canto de glória.

 

Beijava bocas: simples, carnudas, perfumadas.
E bocas de cheiro típico, as de duplos lábios
não de horizontes, mas vértices
retilíneos e perfeitos, um rubro botão
no ápice, a pulsar em cio...

 

Sonhei-nos juntos e quero brincar de pés.
Pés lisos, limpos, macios, a se tocarem
íntimos sob mesas sociais
ou na intimidade secreta
dos lençóis, a sós.

* * *

Fiz beijos concisos, úmidos,
nas polpas de cada dedo em simetria,
sinistro e destro, até saber-te eriçada
desde , à raiz dos cabelos.

Assim, sabemo-nos amantes.

 

Sonhei desenhos animados. Sou teu Tom,
teu Jerry, teu gato de animação,
frágil, cheio de dengos. Faz-se a música
de fundo, música de orquestra e ágil,
feito a Primavera, Vivaldi...

 

* * *

 

Solta-te, amada eleita, e dá-me tua palma
de graça e carícias, seda de cheiros e tatos.
Quero-te devota e única, a mostrar-me a voz
de traduzir sentidos e ânsias
que nos ligam, nos pedem − e cedemos.

 

Fiz escritos. Escritos meus
não com tinta, mas hormônios;
não em laudas de celulose, mas
na pele que me liga aos sonhos
e os quer reais.

 

Mãos. As tuas nas minhas,
na minha pele, no rosto,
nas coxas, nos braços... no ventre,
nas costas, no íntimo das dobras naturais, 
virilha e joelhos, axilas e mais.

 

Mãos. Carícias íntimas, sob tecidos,
sobre a pele quente e úmida
de hormônios cálidos e agitados.
Mãos de afago e tesão, armas fortes
na busca de gozos.


* * * * * * 


Luiz de Aquino, poeta, da Academia Goiana de Letras.

3 comentários:

Miguel Jorge disse...

Esse seu poema tem todas as reflexões dos sonhos com a mulher amada, volteios no tempo, nos lábios, nos corpos que se tocam e se amam. Parabéns, Luiz!

Mara Narciso disse...

Que todas tenham o direito de sentir o que diz seu poema: prata boa e saborosa.

Leda Selma disse...

Um poema de altíssima voltagem erótica. Bem tramado cada momento.������������