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| Imagem: Inernet |
VIDA DE ENSINO E CERTEZA
Vida
feliz, esta
de quem acorda cedo, apressa-se
a correr, alcançar o ônibus,
pedalar ladeira acima, correr
ladeira abaixo, sob sol ou chuva,
pular o bueiro, o córrego, a cerca
escapar do cachorro...
Vida
feliz, esta,
a de quem já fazia tudo isso
por décadas quando aluno,
pertinaz andante, teimoso estudante
sob o sol ou a chuva, à lua ou à luz
das lâmpadas eventuais das ruas
teimosamente desassistidas.
Sempre
os mesmos desafios,
a luta pela comida, a roupa pouca,
o preço do gás, o custo do passe,
as horas perdidas, viagens de pé,
caminhar constante, o rumo correto,
chegar à escola, ler e ouvir; o rumo
correto é destino, futuro!
Diploma
na mão, os sonhos no peito,
os sonhos na mente, pré-ensino,
pós-graduação, salários menores
que a mínima carência. As metas
deixadas p’ra além, o amanhã,
amanhã de incertas, de dúvidas
e dívidas, e salários minguados.
Amanhã,
as ruas de jovens,
moços entusiastas, profissões
em profusão, novos sonhos
a realimentar futuro, futuros!
No peito, a alegria que brota nos olhos
de velhos mestres ensinantes:
“Meu aluno! Minha aluna!” – repetem...
Os
olhos dos moços percebem
no velho sorriso um ricto talvez
familiar ou esquecido. Passado?
Para quê, o passado? E vão-se eles,
os moços que sonham. Empreendedores,
acadêmicos, sonhadores de novos rumos,
O ensino, não; rende pouco...
E o
velho sorriso na boca do mestre, na face
da mestra teima em ficar; que pena, pensa,
que aquela criança agora barbada, agora
maquiada, perdeu as lembranças. Ainda assim
o sorriso é comum no mestre, na mestra.
Ninguém lhe toma a alegria vivida.
A missão, afinal, foi cumprida.
10 comentários:
Ninguėm lhe toma a alegria vivida se a missāo foi cumprida !
o sorriso é comum no mestre, na mestra.
Ninguém lhe toma a alegria vivida.
A missão, afinal, foi cumprida.
O poeta sabe, como poucos, trabalhar nossas memórias mais pungentes atribuindo a tudo um sabor delicioso às nossas saudades.
Os professores merecem essa deferência poética, que significa respeito e carinho.
Do Pastor ao Professor, Missão cumprida!
Obrigado pela minha parte, me vi em seu poema, grande abraço!
Poema muito lindo que retrata sobre a realidade dos professores(as).
Seu poema pelo Dia dos Professores fez-me lembrar de quando era aluna, bem pequena, da vontade de aprender; de quando comecei a lecionar, aos 16 anos, indo de ônibus até o Instituto São Francisco de Assis, no Setor Coimbra. Tantos sentimentos, perguntas e certezas. Tanta vida para viver, eu já amando o meu primeiro namorado, tanto para aprender, continuo sem saber... Lu, seu poema é lindo e perpétuo!
Esse seu poema é uma das mais belas homenagens aos professores. Aos 19 anos também fui professora de ciências, por pouco tempo, no Liceu. Jamais me esqueci dos meus professores, desde o grupo escolar em Pontalina até o último ano do curso superior. Eles são da maior importância em nossas vidas, merecem todo nosso reconhecimento. Parabéns à você, Poeta e Professor!
Missão mesmo. O professor é o que insiste. E resiste ao baixo salário, ao desrespeito. A eles tiro o chapéu. Belo poema.
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