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sexta-feira, outubro 02, 2020

CHUVA EM LUA CHEIA

 

                                                                    Foto: Internet, sem autoria


Chuva em Lua Cheia

 


Água. Vento. Raios.

Luzes resistem, envoltas

no alvigris da chuva.

A doze andares, sei do asfalto submerso,

flashes que iluminam a enxurrada.

Vento. Chuva. Trovoada. Serenata.

E um cheiro de pote novo

recém-molhado.

 


Prenúncio de fartura e faturas

pra quem tem posse. Mas

ai dos ribeirinhos,

dos habitantes das marquises,

dos boêmios pobres,

dos que invadem e constróem frágeis armações

vestidas de plástico-luto.


 

Ainda o cheiro de pote.

E um piano de duras gotas,

granizo quebrando vidraças.

 

* * * * * *


Luiz de Aquino, escritor de prosa e verso, membro da Academia Goiana de Letras.



5 comentários:

Prof. Egmar Chaveiro disse...

A última estrofe é de arrebentar
São imagens fortes. Belas. Um desenho da chuva.
E da vontade de chuva.

Mara Narciso disse...

Uma tempestade poetizada, tratada com mimos, doçura, coisa boa e má que traz, contada de forma tão bela que emociona, não só a chuva, a Lua, mas, um monte de gente. Inclusive os desvalidos.

Gugu disse...

Então nós surpreendemos em meio a essa chuva,seguindo um caminho traçado pela luz dos nossos pecados.




Andréa Fonseca disse...

Às vezes precisamos de granizos quebrando vidraças...
🌹🌹🌹

Zanilda de Freitas disse...

As benesses e tragédias da chuva no seu canto de poeta me encantou. Esse "cheiro de pote novo molhado", que vem com as primeiras chuvas, só mesmo um grande vate para poetizar assim com tanta beleza e simplicidade.