 |
Pequizeiro em flor - 22/09/2020 |
Por
volta das 7h30min desta manhã de 22 de setembro, um som que parecia ser de
folhas ao vento surpreendeu-nos: começava uma leve, mas nada discreta,
precipitação pluviométrica. Nada discreta porque, com mais de quatro meses de
seca total e céu de anil teimoso, a Primavera se anunciava com quatro horas de
antes de seu début oficial, anunciado pelos cientistas.
Estação de
esperar Natais
A manhã ainda não
aconteceu e
sofro um vento que vem trazer
chuva nova, abrindo estação.
É Primavera. Hoje é o
vento
de desfazer as nuvens do pó do chão,
reverdecer campos e pastos.
Preparar os dias para o Verão,
que no Verão em começo acontece o Natal
em verde de vida plena e rubro carmim
de fazer contrastes enquanto as pessoas se enfeitam
e enfeitam as ruas, as casas, as árvores de luzes
e até suas almas de virtudes –
assim enfeitadas apenas por dias
de fim de ano.
Engalanam-se também os
ouvidos
de músicas festivas porque é Natal
e existe no ar um desejo
surgido de qualquer lugar
a induzir o abraço, o beijo,
o ímpeto de gritar felicidade.
É Primavera e não sem
outra razão
que preparar o Verão,
porque Verão começa com Natal
e é Natal de Jesus.
Jesus: o que falava de
amor, multiplicava pães,
amava crianças, abençoava pobres,
salvava doentes e juntava gente.
Jesus, que hoje é palavra
pregada
nos automóveis que atropelam, ferem, matam
e fogem porque seus donos não sabem do amor.
Ao Natal de Jesus,
seremos felizes.
Compraremos presentes de
agradar parentes,
falaremos palavras de alegrar amigos,
juraremos amor
ainda que incapazes de afagar menino de rua,
perdoar condenados, alentar dores.
Continuamos capazes de
falar em Jesus
porque Ele aniversaria e todos nos sentimos
parte de suas chagas.
Mas
não somos mais que pedaços de sua cruz.
*
* * * * *
Luiz
de Aquino, poeta e prosador, da Academia Goiana de Letras.