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domingo, novembro 08, 2020

Aquece. E caça

 

Página de As uvas, teus mamilos tenros (2005).
Ilustração: Pollyanna Duarte.



Aquece. E caça

 

Mãos em carícias muitas.
Beijos de prenúncio:
guias de afagos íntimos.

 

Mãos atrevidas: passeiam
sem pedir licença em teu corpo,
barco em águas calmas.

 

Mãos: exploram vales e fundos,
montes e picos. Viajam a pele
em várias paisagens:

nuca, costas, axilas;
seios, bicos, o vale entre...
Entram, quando possível.

 

Descobrem nádegas e seus limites.
Virilhas: vértice, púbis, pelos,
lábios, gruta, grelo...

 

Coxas e pernas: caules gêmeos;
braços: galhos amplos
da árvore de Eros.

 

Raízes sensuais, eróticas,
os pés. Prazer de tato: os dedos,
polpas sensíveis.

 

Língua, ágil formiga. Percorre,
morna e úmida, a dupla haste
até o encontro com a feminilidade.

 

Chave da luxúria, abre
a porta dupla de suas entranhas;
acaricia, dá bom-dia aos pequenos lábios.

 

Beija o túrgido botão no alto.
Sem cerimônia, entra sôfrega,
sedenta do mel mais fundo.

 

E ao fim, o frêmito do gozo;
o abraço, o flácido,
o sono...


 & & &


Luiz de Aquino, poeta.

 


 

Um comentário:

Mara Narciso disse...

Para sentir é preciso experimentar e para comentar é preciso estar a vontade para isso. Erotismoa a flor das mucosas.Úmidas e túrgidas.