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sexta-feira, novembro 27, 2020

Poema da aceitação

 


Poema da aceitação

 


Eu prefiro ficar de cá, cobrindo co’as mãos 
                     [a própria boca para evitar microfonia. 
Um dia, se me deixar levar, posso perder-me 
e sofrer, porque nunca perco a noção do tempo.


Esta noite,
sonharei contigo e vou ver-te neste sonho
onde estivemos antes, há poucas horas,
porque o tempo te parece enorme num instante
e posso saber-te distante
uma eternidade entre duas doses.

 

A angústia, eu sei, 
eu a criei 
e me apego a ela.


A mágoa existe,
cresceu em meu peito 
e não sou josés 
porque não fui o primeiro nem serei último.


A dor, por mais profunda,
não te interessa: houve dores maiores
e não as senti em mim. 


* * *


Luiz de Aquino, poeta, da Academia Goiana de Letras.

8 comentários:

Vânia Bávaro disse...

"A dor, por mais profunda,
não te interessa: houve dores maiores
e não as senti em mim".

Você é incrível!!!

Waldir Ferreira disse...

Bom dia querido amigo, esses seus poemas são pedras preciosas no meio do meu caminho.
Abraços.

adeliafreitas disse...

Muito bom!

Maria Helena Chein disse...

Poema da Aceitação

Tanta dor, mas tanta, que as maiores, o poeta nem sente. Você é o mago do amor, e seus poemas, frutos que a gente quer morder.

Renata Franco disse...

Seria então o "repouso em paz"!👏👏👏

Rosilda Nunes disse...

Veja o espetáculo do uso do tempo!!! Não consigo compreender como fazes isto tão bem!!!
O jogo entrelaçado de tempos cronológicos e psicólogicos na segunda estrofe é simplesmente perfeito. Em uma estrofe, um verso, uma palavra, faz-se a construção gradativa dos elementos. As evidências de contrastes entre o tempo é o que marca profundamente o lirismo do poema...
São construções muito raras, lindas e de uma simpatia inconfundível nas análises. Amei...

Unknown disse...

Muito bom.

Maria Helena Chein disse...

Poema da Aceitação

Tanta dor, mas tanta, que as maiores o poeta nem sente. Você é o mago do amor, e seus poemas, frutos que a gente quer morder.