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domingo, novembro 22, 2020

Bernardo Élis

Quinzena Bernardo Élis 


Minha fala para a QBE/2020


    O vídeo acima, gravei-o há poucos dias para integrar uma coletânea de depoimentos sobre o poeta, contista e romancista Bernardo Élis (1915-1997), um dos mais importantes escritores goianos, que presidiu a nossa União Brasileira de Escritores em Goiás, a Academia Goiana de Letras e ocupou a Cadeira n° 01 da Academia Brasileira de Letras. 
    Na década de 1990, publiquei  o livro BEG - Nossa gente, nossa história, no qual tive a graça de um generoso prefácio do amigo e mestre. Nesse vídeo, prometi que publicaria aqui o prólogo, como mais uma participação minha na Quinzena Bernardo Élis; essa iniciativa se marca pela data de nascimento do autor corumbaense - 15 de novembro - e a data de sua passagem - 30 de novembro.



Um Poeta escrevendo
sobre Banco

 

         Acabo de ler, como prometera, o livro de Luiz de Aquino sobre a vida do Banco do Estado de Goiás (BEG) ou sobre a vida no Banco do Estado de Goiás.

         O que me prendeu no trabalho (afora o encanto do autor) foi o fato de versar sobre um assunto bastante desconhecido para mim, que sempre estive ligado às letras e nunca ao mundo das finanças, especialmente o bancário. Inicialmente, digo que acho válida a obra não apenas porque é bem escrita, mas principalmente porque cogita de um aspecto da vida goiana ainda totalmente desconhecida. Aqui se vê o nascimento e o crescimento do estabelecimento bancário, com suas dificuldades e peculiaridades, mazelas e virtudes. BEG: Nossa gente, nossa história é uma galeria de figuras humanas vivas e lutadoras, tendo a animá-las o espírito admirável de Luiz de Aquino, o nosso querido poeta de tantos bons livros. Aliás, por mais que reprimisse, a veia poética do autor explodiu naquela quadrinha do capítulo intitulado Fevereiro, 1965, que diz:

 

                           Quando eu peço em minhas preces 
                           cada dia o nosso pão, 
                           acrescento no pedido 
                           a vitória do Adão.

                    (Apenas para explicar: esse Adão era um aprendiz de bancário que se "candidatava" a senador.)

          Na verdade, seria um livro intragável se não tivesse a animá-lo o dom de escritor que possui o autor e seu espírito muito especial de enxergar a vida com óculos coloridos, vislumbrando o engraçado, o macabro, o ridículo, o falsamente desagradável nas mais diversas e constrangedoras circunstâncias.

         Acho importante que esse livro venha alicerçar uma instituição goiana que se vem firmando progressivamente e que hoje já representa uma organização indispensável dentro do Brasil.

         Jamais, em tempo algum, procurei o BEG para utilizar de seus serviços ou para solicitar qualquer favor, talvez para meu prejuízo, sei lá! Aqui cabe uma restrição a essa minha afirmativa categórica. Quando na década de setenta disputava um lugar na Academia Brasileira de Letras, usava dos serviços do BEG, Agência Rio de Janeiro, e ali contava com um amigo muito especial, o sr. Macário (de Paiva Neto), que foi muito atencioso, delicado e generoso, auxiliando-me no que podia. No dia de minha posse, compareceu pessoalmente à solenidade e me ofereceu um presente - um jogo de canetas com o meu nome gravado, que conservo até hoje como lembrança inesquecível.

         Valho-me do momento para agradecer ao amigo Macário.

         O livro que acabo de ler é uma valiosa contribuição à história de Goiás, num de seus ramos mais desconhecidos e mais pobres que é o das atividades financeiras. No entanto, talvez, a de maior importância para o nosso desenvolvimento.

 

         Goiânia, 19-X-93.

***

         

Parte final do prefácio, no livro. Na foto, Macário de Paiva Neto
presenteia o novel acadêmico da ABL com um jogo
de canetas em  ouro.


* * *

Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.


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