Consolo
Sem que
me esforce por isto
e sem querer que aconteça,
o pranto me sobe aos olhos
deixando conforto no poço do peito.
Arranco com os olhos
a mágoa e o medo,
a dor e o enfado
que crescem depressa
como os vergéis
sob as águas de setembro.
Estas
lágrimas
temperam-me a voz e jogam pra fora
o gosto amargoso de tantos fracassos.
Estas lágrimas
passeiam na pele como o resquício
das sensações que me assustam.
Decerto me fazem
menos tristonho,
aliviam tensões.
Sem que
me esforce por isto
às vezes choro à mera menção
de uma frase
ou ao gesto de afeto —
que toca os cabelos e amacia-me os sonhos.
Vem daí
uma paz e, sem que eu queira,
nascem de novo
as lágrimas de sempre,
quando me sinto bem,
porque te sei próxima
e tão invadida
de mim.
3 comentários:
"Arranco com os olhos
a mágoa e o medo,
a dor e o enfado
que crescem depressa
como os vergéis
sob as águas de setembro".
Eu, particularmente, acho muito bom poder extravasar esses sentimentos com o choro...
Benditos sejam os que podem chorar de alegria,de tristeza, de emoção, por decepção. Sempre estarão mais vivos do que aqueles que não conseguem chorar.
Muito bonito.Sentimentos represados que extravasam.
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