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sábado, novembro 14, 2020

Novembro, manga e voto

Serra de Caldas, Caldas Novas.

 

Novembro, manga e voto

 

Novembro vai-se a meio e eu
não pensei no Natal, ainda,
tão ocupado de sucessão!


Mas é novembro. Na minha terra,
a chuva encharcou a serra,
reverdeceu encostas calcinadas
nos primeiros dias de outubro
(o fogo, às noites, novelo dourado
enfeitando o negrume do céu).


É novembro, tempo de manga,
morango e maracujá — mas o pequi
me encanta:
drupa dourada, óleo doce,
cheiro e flor do meu cerrado
que a queimada quer sumir.


É novembro, manga e voto,
chuva e choro; choro
a falta de alguém
que me afague os cabelos
e me fale de coisas como
chuvas hibernais
e o sibilar no final
das palavras em plural.

 

Meu coração antecede ditames
legais
e se abre pra contar
que te elegeu sem concorrência,
sem ideologias,
sem apuração.

 

* * *


Luiz de Aquino, poeta, da Academia Goiana de Letras. 

12 comentários:

Vânia Bávaro disse...

Novembro... o mês do meu amado pai!
Gosto muito de tudo que citou no seu poema, mas dispenso o pequi! 🙊😊

Bento Fleury disse...

Parabéns. Novembro é isso mesmo. Muito obrigado ❤️

Márcia Ribeiro disse...

👏👏

Hélverton Baiano disse...

Na apuração, só ganha o coração@ Bravo!

Denise Godoy disse...

Muito bonito. O novembro é o mesmo para a natureza. Não para nós.

Rosamábile Marques de Jesus disse...

Num poeta tudo Flui com olhos da alma... olhar que transcende e chega ao sagrado. Difícil achar palavras em todos seus poemas.👏

Gugu disse...

E se o homem Se inspirasse na democracia praticada pela natureza,que sabor teria o voto? Manga ou pequi tanto faz... u.gosto de liberdade.

Salvino Pires Sobrinho disse...

“...te elegeu sem concorrência, sem ideologias, sem apuração”
Muito bom!“...te elegeu sem concorrência, sem ideologias, sem apuração”
Muito bom!

Emílio Vieira disse...

Ótimo Luiz! Destaco a última estrofe > "Meu coração...sem apuração".

Nasr Chaul disse...

Tempo de manga. Bourbon e Sabina, minhas preferidas. Se tiver mangaba da Serra dos Pirineus também pego. Coloco na lata de arroz pra madurar...

Maria Helena Chein disse...

Novembro, manga e voto
Você tem uma sensibilidade notável, quando canta a terra, sua terra, com belas imagens e linguagem apurada. E seu coração sabe do que fala!

Pollyanna Duarte disse...

Bem a cara da nossa terra!