Páginas

domingo, dezembro 20, 2020

Lábios, túrgidos lábios

  

Lábios, túrgidos lábios *



Eu te caço, Loba,
pelas sendas da noite quente
e me asseguro de que o sol
não se anuncie tão cedo!

 

Eu te quero, Loba,
e nos teremos plenos
de volúpia e pelos.

 

Inquieta-me o instante,
o agora em que toco teus lábios
com meus lábios e recebes minha língua,
e tenho a tua. Sorver tua saliva e sentir
teus seios a me ferir o peito,
tuas coxas a cingir as minhas
e teu sexo túmido a receber o meu.

 

Minhas mãos, sem pedir licença,
abrem-te os laços, os fechos, os botões.
Eu te toco com intimidade,
tateio tuas costas, sinto o volume
de tuas nádegas e o calor que elas abrigam.

 

Ah! O alimentar-me de tua pele eriçada,
a têmpera exata do forjar de Baco
quando nossos corpos, na efervescência de hormônios,
desejam-se plenos e prometem prazeres sonhados,
desejados, felizes...

Eu te quero,
esguia e clara como te vejo e tenho,
e sentirei teu úmido sexo
a festejar com o meu
a primavera da carne.

 

Com o cuidado de porcelanas,
beijarei teu corpo
com a delicadeza das sacristias.
E de joelhos, venerarei teus pés,
procurando a idolatrada,
amada mulher!

 

Tocarei teus cabelos e teus pelos 
com o toque dos mágicos e farei verter
de tuas entranhas
o mel de me saciar,
porque o beberei de tua virilha,
buscarei fruir dos pequenos lábios
essa seiva enérgica, doce e acre,
para untar-me a boca...

 

Meus dedos passearão tua pele
buscando entradas.
Sutis, entrarão em tua boca, ouvidos e narinas.
Explorarão o declive do teu colo,
as colinas dos teus seios e os picos,

bicos túmidos, sensíveis e sensuais.

Descobrirão teu umbigo,
cingirão tua cintura, farão pouso
em tuas nádegas suaves e excitantes,
e entrarão entre elas
à busca ávida do olho pulsante.

 

"Tuas nádegas abrem-se para receber meus dedos... E me delicio com tuas contrações sistemáticas que fazem brotar ainda mais o mel que te desce nos pelos pubianos, encharcando os pequenos lábios, umedecendo os grandes e vertendo para os meus”.

 

A cabeça, erguida em prece,
vislumbra a fêmea, ereta e dócil
a acolher-me terna.

 

Genuflexo, enlaço-te as nádegas
e inebria-me o perfume
de teu ventre pleno
da volúpia ardente, ansiada
e finalmente vindoura!

 

A língua, que tenta entrar, busca teu néctar.
Bocas que buscam prazeres e licores...
Adoro sentir-me lambendo tua virilha,
deliciando-me com teus pelos.

Mãos que adoram seios e costas,
mamilos e nádegas e entre as nádegas!

E te bebo toda!
Sinto-te vibrando em minha boca!
Contorcendo, estertorando... goza!
Meus dedos te adentram, atrás...

 

Brinco com a língua, o clitóris.
Deslizo mais: pequenos lábios
(beijo-os, e minha língua encontra a gruta

 

gostosa e úmida e quente...).
Beijo-te costas, deslizo a língua
em tuas nádegas, exploro-as,
penetro.

Beijo-te as coxas. Beijo-te o sexo.

Delícias ao acariciar-te os mamilos
e beijar-te devagar e quente;
e ao morder teus lábios
como se morde uma cereja.
Sugá-los, como sugo morangos maduros.

 

Ah, nossos pés que se tocam nus,
peles que eriçam simultâneas!

Beijinhos e lambidinhas,
suaves, ternas, sacanas... Quero entrar em ti
com intimidade e conforto...

 

Viver todas as chances
de gozar.
Penetrar-te.
Abraçar-te por trás,
ter teus seios em minhas mãos,
entrar.

 

Absorver teu cheiro, e te pôr o meu.
Sentir teu corpo na leveza
de minha língua andarilha
que não se cansa de te saber sabores.

 

E tuas mãos, quero-as no meu corpo:
exploradoras, passeantes e desinibidas.
Porque as minhas
exploram-te também e sabem
onde parar, onde indagar,
onde entrar...

 

Mãos de amparo e de toque,
de espera e carícias...
Dedos que tateiam a pele
e percorrem dorsos,
descobrem vales e grotas.

 

Aceita a intimidade de minha língua.
Ela que desce por teu corpo
como a água do teu banho,
escorre, corre e
alcança tuas partes íntimas
e se deleita...

 

E tua língua na minha...
Salivas cúmplices!

Vou beijar-te: costas e nádegas,
mordiscá-las...
Demorar nos mamilos,
deixá-los túmidos e excitados...
Descer devagar,
brincar nos pelos...

Acolho o cheiro de teu púbis,
a essência de teu sexo,
a pressão de tuas coxas
e a carícias de tuas nádegas.

 

Ah, mas preciso antes beber teu néctar mais íntimo! Sentir o pulsar do teu clitóris nos meus lábios, o roçar de teus pelos no meu rosto, o calor de tuas entranhas nos meus dedos. Mulher, eu te quero! Eu te beijo o sexo e me molho de teu molho, eu te entro, então, com volúpia e amor, e te beijo a boca... Teu cheiro doce em minha boca... Tuas coxas em meus quadris... E molhas-me a virilha e me beijas a boca...

 

... e te convido
para gozar comigo,
e te espero, e me esperas,
e te sinto convulsiva em mim,
e te exploro feliz,
e te sinto a me descobrir
no êxtase do gozo pleno!


*  Do livro As uvas, teus mamilos tenros. Goiânia, 2005.
Ilustrado por Polly Duarte. 


*&* 

Luiz de Aquino, poeta, da Academia Goiana de Letras.



7 comentários:

Prof. Egmar Chaveiro disse...

Aquino, a luta pelo gozo, sem dúvida, é um mote de liberdade. Obrigado. Poema forte. Livre.

Sônia Elizabeth disse...

Uma belissima declaracao de amor para sua mulher amada.Prazer total. Bravo, Luiz!

Bento Fleury disse...

Parabéns pelo poema e seus significados e subentendidos.

Rosy Cardoso disse...

Uma viagem poeta, com destino certo.

Zanilda Freitas disse...

Lindo!Sorte dessa Loba viver tão grande,forte e belo amor. Parabéns Poeta!

Itaney Campos disse...

E põe longo nisso! Maior que o maiorsalmo da Bíblia. E põe erótico nisso! Marques de Sade perde longe! 🤗🤗😅😅

Mara Narciso disse...

Só não estou corada porque sou parda. Impossível não se alterar a medida que esses amor e sexo de qualidade vão acontecendo em meio a pura delicadeza.