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sábado, dezembro 12, 2020

Mars, martis

Mars, martis


Eu beijo o amanhecer:
além do esquadro de vidro e ferro
vem-me a luz que é nova e dia.

 

A luz acorda-me
como o estrondo de canhões e assusto-me
ao tiquetaquear de um relógio frio.

 

Não sei por que me levanto assim
se não tenho compromissos de ponto
nem alguém à minha espera.

 

Ergo o corpo, espreguiço músculos e forço
a retina à aceitação do dia.
Ando à toa.

 

Autômato, vou à máquina; ligo-a em dois botões
e espero a tela alumiar-se de cor
e leio correios quentes, rápidos.

 

Um nome vindo de Marte
indica-me aurora e rotina.
Alegro-me: serei feliz sob o sol.


* * * 

Luiz de Aquino, poeta. Da Academia Goiana de Letras.



4 comentários:

Adriano Curado disse...

Belo poema. Meus parabéns.

Clara Dawn disse...

Aurora e rotina. Vida.

Itaney Campos disse...

Parabéns pelos poemas!
Está virando o pão nosso de cada dia! Não como oração, mas provocação... instigante! Muito bom!

Mara Narciso disse...

Fecho inteligente que só os bons poetas conseguem fazê-lo tão bem.