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domingo, janeiro 10, 2021

Dor de filhos ausentes & Fátuo

 Ao longo de toda a vida, houve um tempo em que, como
tantos, tive filhos vivendo distante. Foi quando me senti no
papel de meus pais na minha fase de 10 a 18 anos. 
Relembro estes tempos em dois poemas, que trago
hoje para o fim de semana: 


1995, Natal.

Dor de filhos ausentes

 

Isso de filhos distantes
fica em mim
feito uma tristeza besta
rezando “saudade,
saudade, saudade...
Amém!”.

 

Dói.
Dói como dor
de dente inflamado,
de unha encravada,
de fratura exposta.

 

E os olhos do triste
molham-se. Muito.
Como menina-moça
ao toque primeiro.

 

Dói.

 


Fátuo

 

Mas há os que me ficam
e me fazem alegre.

 

Um que trabalha
e que ama
e volta aos estudos.
E um que de mim
me exige mais
de tão ainda infante.

 

Nos olhos, nos risos,
na pele e no amor
dos que me ficaram
encontro o alento
daqueles que tento
o reencontro.

 

E fico feliz
ainda que fátuo.

 

Dia dos Pais, 2019.

* * *

Luiz de Aquino, poeta. Da Academia Goiana de Letras.


9 comentários:

Adriano Curado disse...

Belíssimos poemas. Confesso que senti aflição, pois meu filho de apenas sete anos ainda não se foi. Sei que um dia ele partirá, mas o futuro a Deus pertence, dizem...!

Zanilda Freitas disse...

Sei bem o que é essa dor querido Poeta. Amei os poemas e as fotos.

Sônia Elizabeth disse...

Isso de filhos nao sei como e mas deve ser bom. Na verdade a saudade e mais dos pais. Filhos voam e acostumam-se com isso.

Gugu disse...

É preciso ser pai,na mais autêntica acepção ao termo para retratar com tanta fidelidade,o que esse amor exige de nós.

Maria Helena Chein disse...

Luiz, você tratou poeticamente, no estilo tão seu, a dor sentida pelo filho, pelos filhos que estão longe. A dor é exatamente assim.

Miguel Jorge disse...

Beleza de poemas Luiz, o sentimento verdadeiro de pai presente, abraço!

Unknown disse...

Lindos poemas para filhos muito amados.

Abílio Wolney disse...

Também sinto, essa saudade!
Belas poesias.
Separei esta:
Isso de filhos distantes
fica em mim
feito uma tristeza besta
rezando “saudade,
saudade, saudade...
Amém!”.



Dói.
Dói como dor
de dente inflamado,
de unha encravada,
de fratura exposta.



E os olhos do triste
molham-se. Muito.
Como menina-moça
ao toque primeiro.



Dói.

Unknown disse...

Lindo esse relato através da poesia, sobre a saudade que pode causar a ausência de um filho pedacinho do coração da gente!