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sexta-feira, janeiro 29, 2021

Calor: flor e almíscar

 




Calor: flor e almíscar

 

Das tépidas águas nascidas das rochas,
oriundas de fendas profundas,
nasci ansioso de ar e odores.

 

Planeta tinha a crosta jovem
como pele adolescente, suscetível
a acnes e pústulas.

 

(Era assim, dizem os livros,
a face brasilis em tempos
do paleolítico).

 

Ante meus olhos, a serra;
cicatriz na pele da Terra
em minha terra natal.

 

E os estudos que contam
das águas percoladas que brotam
do chão com calor de vulcão.

 

E do longe, das escarpas
doutras terras, noutra serra,
a vida em rubr’anil de lavanda.

 

Vi-lhe fotos de rosto e paisagem,
a encosta serrana, o sorriso em Simone
e o indício do aroma:

 

Alfazema, disse ela; buquê
de lavanda, feitiço de almíscar
e de âmbar.

 

Termas o odores, nós ambos
ante a flor de lavanda;
e um som de Chico e Tom.


* * *

 Poeta Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.

5 comentários:

Sônia Elizabeth disse...

Salve! Ao som de nossos bons compositores a imensa paisagem da vida.

Miguel Jorge disse...

Fico com a flor e almíscar do seu poema de enlevo e sabedoria, abraço!

Gugu disse...

Um mergulho profundo nas nossas lembranças, parece que o ontem distante de repente, estava aqui.

Zanilda Freitas disse...

Nesse doce encanto de perfume e flores naveguei no passado e presente do seu poema!

Maria Helena Chein disse...

Calor, flor e almíscar
As termas e os aromas despertam e seduzem o poeta, acostumado a lidar com as emoções, nesta beleza de versos contidos, ritmados, perpétuos!