Viver exige, viver cansa;
viver
é driblar desafios; procurar
vantagens
e vitórias. Vitórias?
Terminar o ano sem contas
vencidas,
passar de ano, viajar
no Ano-Novo e no Carnaval,
mudar o sobrenome, ter filhos,
posar de madame
e sentir-se amada, protegida.
O doce vira fel se não se é
protegida ou amada.
O céu se faz roxo, verde musgo, grená.
A música vira martírio.
Nada do que é ou nos foi belo
interessa mais.
Palavras são punhais.
E vem a dor do infortúnio,
questões acerca
do que vale a pena.
Um amor marido que não se tem
por seu.
Um filho que se divide
e a outra – a outra que posa
vitoriosa.
E eu-mesma, que me sei
dispensada. Não amada,
mas esquecida. Não mais "meu bem",
mas um estorvo.
Cansa!
* * *
Poeta Luiz de Aquino, da Academia Goiana de Letras.
5 comentários:
Gostei do poema como gosto de tudo que vc escreve, poeta. Adorei a alma feminina a lá Chico Buarque que eu também adoro.
Lindo o poema. Linda a sua alma de poeta.
A vida tal como é: um desafio ou estranha quimera? O menestrel se diverte mesmo na angústia da incerteza.
Muito bom!!!
Nunca imaginei que um "desenlace" daria um poema tão bom e realista.
Um desafio: dar ao outro(a) a nossa voz.
Postar um comentário