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terça-feira, janeiro 12, 2021

Esses meninos sob a águia

 Em 1963, cheguei ao Liceu de Goiânia, cursando o 1° ano do Clássico - uma das versões do Colegial, curso equivalente ao Ensino Médio de agora. Em 1969, voltei ao Liceu como professor e tive a alegria desse ofício, na minha antiga casa, por dois anos. 

Este poema, escrevi-o em 2011 para a capa de um CD idealizado pelo Dr. Pedro Dimas, médico, ex-aluno, num jantar de confraternização (do Bartolomeu, do Engenheiro Pedro Vasco, também ex-aluno) dos antigos estudantes e ex-professores do Liceu naquele final de "anos 60", com músicas daquela época. 

O imponente edifício do Liceu de Goiânia (1937)

Esses meninos sob a águia...

 

Era um tempo de homens rudes,
mulheres doces - seres severos…
Tempo de nós muito jovens.

 

Sonhamos crescer, lutar... Quem sabe?
Alcançar liberdade – palavra perigosa, 
vigiada e guardada a chave.

 

Meninos grandes de uniforme bege e branco;
jovens mestres de jaleco, pastas, livros
e giz ante o quadro escuro...

 

Quadro negro, quase sempre verde...
Lousa, massa e cimento
berço de textos e contas – lições.

 

Calça cáqui, sapatos pretos, saias medianas;
Meninas de meias brancas, muito alvas 
 um rigor religioso, aquele!

 

No peito, a águia! Vigia solene,
asas abertas ao voo
viagem no tempo a vir!


E o sentimento de fé e sonhos. Marcamos: 
            – sine die, seja sábado e noite, 
            mas em quarenta anos (ao menos).  


Bico-de-pena por Di Magalhães


* * * 

Luiz de Aquino, moço professor de 1969-70, feliz outa vez entre vocês!

8 comentários:

Zanilda Freitas disse...

Esse poema pegou desprevenida minha alma liceana. Belo!

NILSON JAIME disse...

Em belo poema, o poeta Luiz de Aquino "pinta" o Liceu de Goiânia de seus dias (1963-1971), como aluno e, depois, professor.

Aliás, fala do Liceu de antanho, mas também do Liceu de todas as Eras, pois a fotografia que ilustra a poesia é de 1937, e o bico de pena de Di Magalhães, atemporal.

Nunca vi o Liceu tão bem retratado.
Tempo de "homens rudes e mulheres doces" é verdadeiro... forte e nostálgico ao mesmo tempo.

Os sonhos de liberdade dos jovens da geração do poeta foram forjados pelos "seres severos" que os educaram - sem pretender - para criarem asas como águias?

Nilson Jaime

Rosy Cardoso disse...

Que forte as imagens das vivências poeta.
Muito lindo.
Também em mim o sino toca lembranças assim, ladeada de fragmentos saudosos dos tempos que apenas sonhávamos. O amanhã era o único desejo.
Amei poeta querido!!!

Mara Narciso disse...

Os seus versos tornam a saudade ainda mais doce. Sorte nossa de termos um colégio e professores em nossas lembranças juvenis. Viemos dos pais, mas crescemos deles, dos professores. Tenho-os em alta conta, mesmo os não vocacionados.

Maria Helena Chein disse...

Que poema magnífico!
Os meninos, as meninas, em seus uniformes, o sonho de crescer e alcançar a liberdade, em todo o lirismo e criatividade do poeta.

Sônia Elizabeth disse...

Lembrancas que nos salvam!

Miguel Jorge disse...

Beleza de poema em recordações do Lyceu de Goiânia, parabéns!

Leda(ê) Selma disse...

Poéticas descrições nas lembranças desvestidas👏🏻👏🏻👏🏻